18 de dez. de 2012

Assassino da Mente


   Minhas mãos manchadas de sangue não conseguiam alcançar o poderoso sol. Pensamentos destruidores passavam pela minha mente. Queria desesperadamente acabar com todo aquele sofrimento, porém tudo o que eu via era o vazio rolando pela estrela cadente.
   Andei pelo jardim tentando entender as flores que bebiam a escuridão escondida no céu.       Queria me afastar do belo. Fiquei ali, contemplando elas murcharem com o tempo, igual aquele corpo que jazia no tapete voador.
   Com os dedos encontrando meus lábios vagarosamente, fiquei com medo de todas aquelas coisas que pareciam existir. Era tanta vida que por incrível que pareça fiquei com medo de me sentir sozinho. Se pudesse, mataria todos com minhas próprias mãos e jogaria todo o sangue no mar, cortaria suas cabeças e lhe entregaria aos corvos para lhes alimentar.
   Louco. Sou completamente louco. Voltei para casa, longe daqueles pensamentos revoltantes que pareciam me amedrontar. Fui para o quarto, me cobri com o universo e tentei dormir em cima da nevasca. Água saia por debaixo da porta, tentei nadar por um mundo que não existia.         Eu sabia, estava completamente só. Acordei assustado. Os anjos do céu não me deixavam dormir. Sabia que tudo que eu pensava era pecado, por isso fui para a cova me esconder. Não havia mais palavras belas para simplificar toda essa história, muito menos razão. Fiquei louco, louco de pedra tentando entender porque aquele corpo antes tão alegre, agora estava imóvel voando pelo céu que parecia derreter.
   Lá na cova me encontrei com as baratas e com desenhos na escuridão. Fiquei ali, rezando por uma luz. Contudo, o que veio foi chuva, alguém queria me enterrar. Agora eu tinha certeza.   Eu podia sentir meus olhos se fechando pela última vez, com a gargalhada de meu inimigo ecoando nos meus ouvidos após meu triste fim.
   Ninguém precisava dançar para me dizer que eu estava correndo risco. Logo, sai da cova e voltei para o jardim que estava coberto de flores podres. As cores sumiram, o belo foi embora para sempre daquela vida sem sentindo. Sempre e nunca, palavras tão fortes que resolvi marcá-las com fogo em meu próprio corpo.
   Sempre estaria vivo para sentir medo, para sentir dor. Estava carregando o manto da tristeza do infinito e por diversas vezes choraria por um amor.
Nunca mais voltaria a olhar para os olhos das pessoas tão cheios de certezas Queria apenas beijar seus lábios e derrotá-las no jogo dos sentimentos das proezas.
   Sempre diria nunca para acalmar meu coração.
   Nunca diria sempre para confortar minha emoção.
   E mesmo perdido entre o sempre e o nunca. Eu sabia que para sempre minhas mãos ficariam manchadas, porque um dia eu acabei com a vida, acabei com o belo. Seria julgado e condenado ao inferno. Cheguei à conclusão de que era mal. Ajoelhado no jardim, as pétalas encostavam-se a meus joelhos, o céu estava claro como uma folha de papel em branco.
  Queria gritar, queria dizer nunca e sempre, pelo menos pela última vez. Alguém me seguia, eu sentia, a morte se aproximava. O sangue começava a escorrer pela minha cabeça, uma faca atingiu o meu coração. Encostei meu rosto nas pétalas, fiquei ali sozinho, escutando a gargalhada, tentando dormir!

3 comentários:

Luiz Fellipe Torrano disse...

Tenso

Mari disse...

Ficou incrível! Na minha opinião, é um dos melhores.

Raquel disse...

Uou. Sério, demais. Muito, muito bom.

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