Tocando piano, na sala de música, me esforçava ao máximo
não parecer patético perante os meus espectadores. Com melodias doces e
serenas, esperava encontrar uma feiticeira que encantasse meu mundo obscuro e
trouxesse cor a uma alma sem rumo. Enquanto esse momento não chegava, continuei
a manusear minha bela canção, até os meus dedos se cansarem e o barulho dos
aplausos destruir o pequeno silêncio instaurado com o término das melodias.
Após o
espetáculo, conversei com alguns admiradores do meu trabalho, contudo as
conversas não poderiam ser mais entediantes, eles só sabiam se enaltecer por
seus bons gostos e suas riquezas. Nada disso me interessava. Estava cansado de
encontrar professores arrogantes sobre a vida, preferia muito mais conversar
com os alunos que gostavam de compartilhar as suas experiências, e chegar a uma
conclusão frágil como cristal sobre a misteriosa existência.
Não sei por que
tantas certezas, já que nossa única certeza é a vinda da prisioneira morte ao
nosso encontro, para nos forçar um último beijo.
Aqueles cavalos
brancos e príncipes guerreiros pareciam estar muito longe do castelo do vilão
da nossa história, o cruel dono do tempo.
Nosso exército
parecia estar cada vez mais desunido com o avanço da tecnologia. Não havia
nenhum grande herói para nos defender, o mundo aos poucos mergulhava na poção
do caos e a luz no fim do túnel não passava de uma grande ilusão.
No final do corredor deparei-me com um
relógio. Ele fazia tic-tac incessantemente. Queria poder mudar os ponteiros do
relógio, queria poder voltar no tempo. Tentei destruir o vilão com minhas
próprias mãos, porém aquele tempo já não existia mais.
2 comentários:
Ficou muito bom mesmo. Adorei!
Fantástico! Acho que é um dos que mais gostei, mas parece que foi curto demais... ah, não sei, mas tá ótimo!
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