"Quando os últimos raios de sol sumirem do horizonte, sentaremos a luz da noite na sala de jantar iluminados por velas presas ao candelabro. Sorrio entre sombras e luzes diante da carne morta. Ela fecha os olhos e entrelaça as mãos, pronta para começar a reza. De repente um vento invade a janela e apaga chama por chama. No escuro, escuto os sussurros."" Estou farto de suas promessas vazias, de seus pensamentos intolerantes, de suas mentiras. Não consigo mais aguentar seu peso, seus laços familiares, seus beijos, seu amor."
" Atravessei a janela do seu quarto durante a madrugada. Pego de surpresa, vejo você dormir na cama docemente. Sob a luz da lua, tenho a certeza de que nunca havia visto tamanha beleza. Os cabelos encaracolados e dourados como o sol repousam levemente sobre os ombros nus.
Chego mais perto e beijo seus lábios, frios como uma pedra.
Abro sua blusa e apalpo seus seios fartos, parados.
Acaricio seu cabelo, passo a mão pelo seu corpo, sem restrições.
Depois volto à janela. Nunca tinha visto algo tão belo, tão gracioso, tão natural, tão calado. Nunca tinha visto algo tão morto."
" O sabor do tempo despeja o gosto amargo por meus lábios rachados. Sei que a chama da vida aos poucos se apagou, como numa dança antiga repleta de holofotes.
Quando abro os olhos, vejo o futuro em seu mais íntimo carmesim. Os olhos de uma garota, que sorri e chora, por último, me beija.
Passa a hora, estamos nus. Transando sobre as folhas secas do outono, beijos quentes no inverno, peles nuas durante o verão.
-Eu posso te preencher- falo baixinho parecendo um sussurro.
Nossas peças se encaixam como num quebra-cabeça, não quero vencê-la, não posso vencer.
Pra frente e pra trás, parece que estamos num barco em meio a tempestade, sofrendo com o vai e vem das ondas do mar.
De repente chega o clímax, não vou mais suportar, o desejo chega a fase extrema.
Depois chega o vazio.
A razão.
A vergonha.
Sinto que estou perdido.
Sinto que estou só."
2 comentários:
Sensacional
Essas ficaram incríveis!
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