5 de set. de 2012

Espinhos


O melhor da rotina foi ouvir a voz bonita da bruxa distorcida em roupa elegante e simples! Hoje foi o seu aniversário, não tive coragem de lhe dar os parabéns, porém só a troca de calor que nossas pernas ofereceram foi o suficiente para o começo do fim! Agora nossos caminhos estarão para sempre separados por ruas oceânicas, para depois chegar o cheiro da chuva e por último os raios anunciando a infinita tempestade, com o sol devorando o negro céu e as estrelas brilhantes engolindo a felicidade!
Com meu cavalo branco e minha armadura celestial, busquei destruir a maldição que habita a pedra vermelha cravejada no meu peito, com minha espada medieval e minha força de vontade tentei destruir seus espinhos que me impediam de chegar à felicidade.
E quando eu te encontrei, pra minha grata surpresa, você sorria sentada no trono vestindo uma capa negra, segurando um cajado com forças do mal, aguardando o momento certo para me destruir.
Seus olhos amargos e seus lábios encantados juntos pronunciam esses versos que unidos o tornam macabro:
No céu despejo o pó da morte,
Na Terra seduzo os mortais
Será difícil alguém me destruir
E o bem vencerá? Jamais!

Prefiro beber o seu sangue no cálice
Brindar a dor e o sofrimento
E nem a alegria mais disponível
Terminará o seu tormento!

Andando pela rua encapuzada
Esperando o momento de a vítima aparecer
Para chegar o momento exato da minha decisão de
Quem vai viver e quem vai morrer!
Enquanto essas palavras eram despejadas através do céu sem luz e do mundo sem cor, a água da chuva começava a percorrer a minha pele e diminuindo assim o meu calor.
A bruxa começou a se aproximar com seu cajado apontado na minha direção, rápido, brandi a espada e começamos a duelar.
 Depois de alguns golpes, ela começou a ficar em vantagem, até o momento em que seu cajado derrubou minha espada para longe e meus joelhos atingiram o chão. Derrotado, pensei: Quando nos deparamos com essa palavra um desespero toma conta da nossa alma. Uma angústia, um vazio. Não preciso descrever muitos sentimentos que podem simplificar essa palavra, devido ao buraco que ela causa em nossos corações. E o medo que assombra os derrotados? Aqueles pensamentos de que no final eu nunca irei vencer? Nuvens negras, dias tristes, lágrimas que ardem o rosto de fúria. Parece que o mundo não apresenta nenhuma solução, contudo, a derrota nem sempre é ruim.
O melhor vencedor é aquele que já foi derrotado. O que aprendeu com as lições, com as escolhas da vida. Sabendo disso, como o heroi da história, levantei com honra e beijei os lábios mortais da bruxa, que começaram a me sufocar e tirar toda a minha energia.
Aos poucos minha pele começou a esticar e minha respiração ficou cada vez mais precária, minhas pernas ficaram dormentes, não conseguia mais senti-las, meus olhos apenas despejavam lágrimas de tristeza, a pedra vermelha dentro do meu peito começava a amolecer, e antes de eu fechar os olhos para o mundo, vi a morte banhada no céu, o preto e branco sem fim, uma infinidade de maldade sobrevoando meu triste fim.
Antes de morrer, com os olhos fechados, senti as unhas da bruxa penetrarem o meu pescoço e retirarem o meu sangue para colocar no cálice vazio.
Cheia de sede, ela logo começou a beber e para sua grande surpresa, meu sangue a matou. Ela não sabia que a maldade é sempre destruída com o sangue de alguém que tem bom coração.
Abri os olhos pela última vez e vislumbrei as cores, a que mais me chamou a atenção foi a azul!

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, gostei dessa luta entre o bem e o mal

Mari disse...

Nossa, ficou muito bonito e poético!
"O melhor vencedor é aquele que já foi derrotado. O que aprendeu com as lições, com as escolhas da vida.", essa é minha parte favorita porque são palavras muito verdadeiras.
Adorei!!

Raquel disse...

Muito bom, mesmo! Parece que seus textos ficam cada vez melhores (:

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