12 de jan. de 2013

O Vilão I



“Na Idade Média as pessoas que não faziam parte da nobreza, na maioria camponeses, eram considerados vilões.”

  “Os vilões foram maltratados durante anos pelas leis atribuídas pela monarquia, que visavam sustentar os caprichos e os privilégios da nobreza.”

 “ Muitos camponeses passavam fome, trabalhavam arduamente e não conseguiam dormir ouvindo as risadas da corte e o barulho dos brindes que exaltavam a desigualdade.”

“Agora era a vez dos vilões se rebelarem. O sofrimento que parecia durar quinhentos anos estava chegando ao fim. Eles acordariam com sede de justiça, sairiam da escuridão da caverna para destruir os risos das festas. Queriam enforcar a felicidade em praça pública, queriam matar o amor com uma facada no coração. Queriam o caos, queriam sangue, queriam vingança! E acima de tudo queriam viver.”

   Joinville- SC
     O relógio vitoriano marcava meia-noite. A lua cheia se apresentava esbelta no céu, esbanjando histórias de terror para assustar crianças inocentes e indefesas. Fumaça branca encantava o sono dos adultos, nuvens negras completavam o ar sombrio da linda obra de arte chamada céu.
     A maioria dos cidadãos queria esquecer toda a injustiça instalada ao longo dos anos, porém nem todos conseguiam esquecer.
     Dois homens vestidos de preto, com um anel de ônix no dedo do meio, carregavam pelo braço outro homem pela Rua Blumenau.
     Com a cabeça curvada, os pés do moço que tinha olhos negros, lábios grossos e rosto branco como a neve eram arrastados pelo asfalto. Suas mãos estavam algemadas próximas às costas. Não havia ninguém para lhe socorrer, o silêncio era o seu maior inimigo. Parecia que estava indo para a forca, o medo era manifestado através do seu suor e do fogo que ardia através da sua dor. A morte cada vez mais próxima. Podia sentir seu cheiro fétido por entre as suas narinas.
     Seus braços doíam, queria gritar, mas não tinha força. Ele sabia que só podia ser algum engano, sempre tentou ser a pessoa mais gentil e educada com todos. Assaltos em Joinville eram muito raros, dois homens o abordaram no meio da noite, eles já deviam saber o seu trajeto, primeiro bateram nele sem pedir nada, até que a dor fosse insuportável e as suas pernas não conseguissem mais firmeza para se manter em pé.
     Não conseguia raciocinar muito. A dor, psicológica e física, parecia estar chegando ao fim quando os dois homens encapuzados o jogaram de joelhos no meio de um galpão.
     Uma abertura no teto iluminava seus cabelos dourados. Seu olhar só conseguia ver ao fundo um imenso breu. Seus pensamentos perturbados chegaram ao fim quando uma voz grossa rasgou a escuridão.
     - Diga-me seu nome.
     - Teodoro- disse o prisioneiro com a sua boca ensanguentada- Teodoro de Alcantra.
     Demorou alguns segundos para a voz da escuridão voltar a se manifestar.
     -Você é um nobre ou um camponês?
     - Que brincadeira é essa? Deve estar havendo algum engano- sua voz exalava desespero.
     - Não esta havendo erro nenhum, Teodoro. Você é um dos produtos da minha justiça. Um nobre banhado de glórias à custa de sangue humano- O ódio estava tomando conta da misteriosa voz- Quero arrancar o riso dos seus lábios, quero escurecer o brilho dos seus olhos, quero apagar a chama do seu peito. Destruir seus sonhos e seus desejos. Separar a sua família da harmonia, acabar com as suas lembranças felizes, arrancar a sua alma de seu corpo. Construir um mundo em que os nobres não poderão tocar com suas mãos imundas, que ao simples toque, levam qualquer coisa a podridão.
    - Isso é loucura! Eu não fiz nada- lágrimas percorriam o seu rosto- Eu juro!- Essas últimas palavras foram pronunciadas lentamente, ele suplicava por compreensão.
    -Não adianta mentir- disse a voz séria- Você vai morrer.
    Os próximos movimentos foram realizados na velocidade da luz. Batiam com grossos pedaços de madeira em sua cabeça, com força e raiva que aumentavam a cada golpe. Seu mundo foi ficando pequeno. Aos poucos a luz no teto foi sumindo, sua cabeça ia explodir quando um vento gelado levou a sua alma e a sua dor.

Obs: Essa é a primeira série do blog e foi dividida em cinco partes. Se quiserem saber o final dessa história, aguardem os próximos capítulos!

4 comentários:

Luiz Fellipe Torrano disse...

muito bom começo de ano, essa série promete!

Mari disse...

Ficou muito bom! Já estou esperando ansiosa pela próxima parte!

Anônimo disse...

Ok estou esperando os próximos capitulos eu adoreii

Raquel disse...

Primeiro capítulo excelente, aguardarei ansiosamente os próximos!

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