Preferi não me
arriscar, cada passo em falso com o amor poderia colocar a vida de muitas
pessoas em risco. Fiquei contemplando o meu tabuleiro de xadrez na expectativa
de qual seria a minha próxima jogada, ainda havia muitas lições e mistérios
sobre a vida que eu não tinha conhecimento. Jogava no escuro, procurando fazer
mágica e vencer. Nada de receita de bolo, ouvia sim a experiência que os outros
tinham para me passar, mas preferia acreditar nos meus próprios instintos.
Olhava para os
lados, não havia nenhum jogador para me desafiar. Eu continuava manuseando as
minhas peças. Quando o meu cavalo negro chegou do outro lado do tabuleiro, o
jogo se aproximava do fim. A mulher mais fantástica do mundo surgiu daqueles
contos de fada antigo, fiquei admirando toda aquela beleza flutuar pelos
sombrios corredores do meu coração, ela preenchia todo aquele buraco negro que
eu gostaria de esquecer.
Fiquei confuso. Não
sabia o que fazer. A cada dia eu perdia uma peça, aos poucos eu descobri que o
jogo não importava mais, joguei o tabuleiro pelos ares. Coloquei uma aliança
dourada como o sol em seu dedo. Pedi-lhe em casamento, desisti de tudo! Andei
por um corredor banhado de luz, o padre disse todas aquelas palavras dotadas de
esperança e de glória. Como se tivéssemos a certeza de que seríamos felizes
durante toda a nossa existência.
Fizemos amor sem
pensar no amanhã. Olhamos as estrelas e dissemos palavras bonitas um ao outro.
Estávamos encantados, enfeitiçados. Eu apaixonado por uma pessoa que eu não
conhecia que era eu próprio numa versão mais perfeita, e ela apaixonada por
tudo. Éramos um só, e não éramos ninguém.
Num toque de mágica
nosso casamento perfeito foi se despedaçando, a cada dia a mágica diminuía. Eu
olhava para o tabuleiro espatifado no chão e ficava com um desejo de voltar a
jogá-lo. As estrelas não pareciam mais tão encantadoras, nem as juras de amor
verdadeiras. Parecia uma piada se os dois tempos distintos fossem colocados no
mesmo local.
Corri
para a Igreja, procurando uma luz, um fio de esperança. Lá os anjos riram da
minha cara, como se eu fosse quem não sou. E eu realmente não sabia quem era.
No final acho que ninguém sabe, fingimos que sabemos. Voltei para casa
transtornado. O padre só falava coisas boas, e minha vida no mesmo caos. Foi
quando eu vislumbrei o alto do meu armário, minha esposa não estava lá para ver
a encantadora cartola mágica reluzir como num filme sobrenatural. E foi nesse
momento que eu descobri todas as respostas para o meu mundo rodeado de
labirintos. A minha vida precisava de um toque de
realidade, só assim as coisas voltariam a prosperar. E se minha esposa não
continuasse comigo, o nosso amor não era sincero. A naturalidade das pessoas pode nos levar a um mundo mágico,sem nenhum segredo ou fraqueza para esconder. Agir calculadamente para agradar os outros pode trazer
uma linda fantasia que no final não passa de um tenebroso pesadelo!
Um comentário:
Ficou lindo. Muito, muito bom mesmo! Eu adorei!
Postar um comentário